Conversas de cinema com o amigo Leandro. Horas trocando mensagens sobre listas de filmes até chegar a uma determinada obra. “Dezesseis zero sessenta”, produção brasileira meio esquecida dos anos 1990, retrato em preto e branco de nossas mazelas sociais, foi capaz de erguer-me naquela conversa. Era o momento em que eu conseguia mostrar ao meu […]
Começo hoje este projeto a que batizei “Diários Ocasionais”, e nada impediria de chamá-lo de “Diários Ocasionários”, ou ainda “Diário da Ocasião”. A ocasião é sua condição (nem poderia ser diferente tratando-se de um diário). No fim, é isto: resolvi oferecer para mim mesmo aquilo que Reinaldo Arenas definiu de “espetáculos totalmente diferentes daqueles que
E nem consigo dizer, aqui e agora, com relativa certeza se tudo recomeça amanhã. Um papel. Um teste. Uma dúvida crescente. Então mais uma vez a pandemia apronta. E enquanto isso, a casa, esta casa, a nossa casa, ela parece estar pedindo para que fiquemos mais um pouco. Dúvidas. Sim, porque eu quero a casa
Em direção à Canoas — aniversário de meu sobrinho, Bernardo –, fomos conversando sobre a vida. Mateus estava no carro conosco. Nessas horas, eu desacelero o quanto posso, nem me importo com o balanço dos caminhões, a chacoalhar nossas ideias. Esticar a conversa ao máximo, levar aquela prosa tranquila no balanço da Rodovia do Parque,
Ao longo do dia, fiquei pensando o que as pessoas haviam entendido sobre a entrada do diário de ontem. Isso porque alguns leitores estavam me perguntando se o diário ia acabar, outros querendo que continue, muitos sentindo saudades etc., e me chamou a atenção que uma parcela já tinha até se despedido, feito as homenagens
No projeto de descompressão lenta e gradual rumo ao final deste projeto a que chamei *Diário do Confinamento*, restam-me cerca de quatro dias, suposto que está marcado para sete de janeiro de dois mil e vinte e dois o meu retorno ao trabalho presencial. Não há melancolia e nem sentido trágico nisso; muito menos sentimento
Início da leitura de “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves. Serão 947 páginas e uma longa viagem perseguindo o relato de uma ex-escrava, resgatado no livro pela escritora mineira e transformado neste impressionante romance. O século XIX diante de seu melhor exemplar literário. Um pouco do Brasil. Em verdade, bastante. Reflexões sobre a
O primeiro dia do ano novo em Canoas. Na casa de minha mãe, lembranças encadeadas, enquanto conversava com meu pai na área de fora. Em cada lugar do pátio, uma história, em cada história uma memória afetiva, viva, intensa. Infância. Alforria das brincadeiras sem hora para terminar. Desestabilização das peças da casa. Estrepolias. A maioria
Às seis da tarde, fui dar comida às tartarugas. Era a última refeição delas (hoje mais tarde, final de ano). Ao despejar a ração no aquário, pedi a elas que fizessem três pedidos. Elas nem me ouviram. Às vezes elas são assim: um ar esnobe, a cabeça erguida, e ação direta em busca da ração.
Manhã de descanso (dois dias de bike não é para qualquer um; pior só a dor no braço pelo agulhaço pffizer). Almoço em casa (as últimas refeições controladas do ano). Tarde de cinema (assistimos “Ovos de ouro”, filme de 1994 do catalão Bigas Luna, com Javier Badem no papel cretino do macho que se impõe
