DIA 658 – ANO III

E nem consigo dizer, aqui e agora, com relativa certeza se tudo recomeça amanhã. Um papel. Um teste. Uma dúvida crescente. Então mais uma vez a pandemia apronta. E enquanto isso, a casa, esta casa, a nossa casa, ela parece estar pedindo para que fiquemos mais um pouco. Dúvidas. Sim, porque eu quero a casa de volta e o trabalho no lugar do trabalho. Seguir ou mudar os rumos do Diário? Ninguém escreve para expulsar nada que tenha dentro de si. Isso é conversa de quem acha que fez isso alguma vez. Apenas registro que o efeito de balanço, este sim precisa estancar, mesmo que seja forçosamente. Como escreveu Mário Peixoto em “O inútil de cada um”, clássico esquecido num passado remoto da literatura brasileira, as cintilações metálicas cruzam pela minha frente, são como vagas ondas quebrando no dorso desta incisão a que chamamos amanhã. O som das teclas diminui A tela se fecha. Fim deste Diário do Confinamento.

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