DIA 09

Quando você assiste a um filme como “Era uma vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu, você não precisa assistir a mais nada durante muito tempo, uns seis meses no mínimo; se o fizer será por puro automatismo ou falta do que fazer. Qualquer filme de Ozu nos transmite todas as sensações que o ser humano pode viver ao longo de sua existência. Seus filmes “Pais e filhos”, “Flor do equinócio”, “Filho único”, “Ervas flutuantes”, Dias de Outono” e seu testamento máximo e último trabalho, “A rotina tem seu encanto”, percorrem todos os sentimentos que a humanidade pode produzir. Fizemos isso hoje à tarde, quando sentamos para assistir “Era uma vez em Tóquio”. A emoção vivida no filme é universal todos indivíduos, e nos transporta para as relações familiares e seus conflitos entre as sucessivas gerações. Numa palavra: as transformações pelas quais todos nós passamos um dia. A magia de Ozu está no fato de que somente um artista como ele – admirado pelo alemão Wim Wenders – poderia fazer uma pergunta como esta: “A vida não é decepcionante?”, e ainda por cima nos transmitir a poesia da vida. Esta que vivemos hoje à tarde.

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